Juro que não percebo o que se passa! Aposto que muitos adeptos gostavam de saber exactamente o que vai na cabeça daqueles jogadores totós para fazerem jogos como aquele que se viu ontem!! Quer dizer, parece que andam a gozar! Foi só por terem saído dois ou três jogadores chave ou lá quantos foram que de repente passaram de trituradores a ratinhos de laboratório?! Vi nas noticias que a equipa foi "crucificada" à chegada ao aeroporto por adeptos zangados. Quer dizer, jogam mal, sem nexo nenhum, e depois não gostam que os adeptos fiquem assim..sinceramente, há limites para tudo. O meu pai diz que não deviam receber salários enquanto não atinassem. às vezes começo a pensar isso também, andam a ganhar montes de dinheiro, o minimo que podiam fazer era esforçar-se! Eu não pesco muito de futebol, mas não me parece que eles se entendam lá muito bem, perdem bolas que é uma loucura, não marcam golos...que é feito da equipa maravilha do ano passado? As coisas estão más na vida e agora nem o SLB para nos dar alegrias...
Sinto-me triste. Uma amiga está numa situação má e eu não posso ajudà-la. Detesto esta sensação de impotência. Se ela for para a frente com o que pensa fazer, temo que tenha maiores dificuldades das que tem agora e depois eu não posso ajudá-la financeiramente, já que este é o seu maior problema agora. Não é a única, mas é minha amiga e nós gostamos que os nossos amigos estejam bem. Sinto-me tão culpada, não porque esteja melhor porque não tenho dinheiro também, mas porque devia ser mais forte, insistir mais com ela, ser moralmente mais apoiante, não sei, qualquer coisa mais para ela sentir que tem alguém. Mas acho que não estou a conseguir.
O mundo está mau e as pessoas têm cada vez mais dificuldades em ter uma vida decente. Já não é só poder ter coisas, é comer e ter um tecto. Como pode ser possível que as coisas estejam assim? Há uns anos as pessoas faziam planos, tinham ideias e conseguiam mudar se fosse preciso para conseguir algo mais. Agora só alguns sortudos e ricos o conseguem.
Hoje em dia os pais é que têm de fazer tudo, ajudar, pagar, dar e permitir. Uma pessoa não consegue um emprego como deve ser, onde possa ir ganhando o seu dinheiro, fazer a sua vida, deixar que os pais possam ter uma velhice sossegada. Agora não só continuam a preocupar-se, como ainda têm de suportar os filhos como se eles ainda fossem pequenos. E cada vez há mais familis e pessoas a serem despedidas, a perderem ajudas, fico com tanto raiva!
As pessoas não escolhem nascer, mas na medida do possivel vão fazendo a sua vida e agora nem isso.
Fico tão triste quando penso que os meus pais gastaram rios de dinheiro comigo e agora parece que isso não valeu nada. Estiveram sempre ali e nada do que eu possa fazer lhes vai dar o descanso que merecem. Apetece-me chorar quando penso nos sacrificios que fizeram - que tantos pais certamente fizeram e fazem pelos filhos - e a que eu não posso agradecer convenientemente. Que estou aqui com eles e não há forma de deixar de ser um fardo. Mesmo que eles não pensem assim, que não vejam as coisas dessa maneira, eu vejo.
E se eu vejo, muitos outros jovens fazem o mesmo.
Como é incrivel a nossa dependência de coisas, do dinheiro e de ser global. É assim.
A minha amiga tem medo, já fez de tudo para mudar a sua situação, já tentou coisas que não têm nada a ver com ela e mesmo assim continua sem sorte. Parece-me credível que não tenha esperança que as coisas fiquem melhores. Como pode ter?
Depois dizem-se coisas, fazem-se outras e a quente tudo parece ficar pior. As palavras têm o poder que têm e depois já não dá para as evitar. Ficam gravadas e já se sabe que se nos convencermos de uma coisa durante muito tempo, ela acaba por ser real na nossa vida...como se as palavras se agarrassem a nós e cá ficassem o resto da vida.
Parece um discurso pessimista demais, mas a situação é assim. Está má.
Hoje apetece-me vir falar de trivialidades da aldeia. Eu moro num sitio pequeno, logo as conversas são tipo rastilho quando há assunto controverso, ou seja, fora do que as pessoas acham que se deve viver.
Actualmente há 2 assuntos que preenchem as conversas de café e de cusquice entre vizinhas.
Primeiro é a miuda de 15 anos que foi trabalhar para um café um bocado longe daqui, sozinha, conhece pessoas que os pais não sabem de onde saíram, etc., resultado, não vem a casa há imenso tempo, a ultima vez levou uma sova do pai e aparentemente anda metida com um tipo que se droga.
O destino desta miuda está traçado, dizem. Já não tem emenda, acrescentam. A mãe dela (que eu conheço mais ou menos bem) está cada vez mais magra, não consegue fazer de conta que está tudo bem, só trabalha e trata da casa. Está de rastos, mas que fazer? A miuda não é maluca, sempre teve a cabeça bem assente, era uma rapariga respeitadora, ajudava a mãe, essas virtudes todas...mas pronto gostava de ir a festas e falar de rapazes. Como a maioria das raparigas da idade dela. E agora, como se salva uma pessoa que não quer ou que, na minha opinião, acha que não tem de ser salva? Será que a maturidade é distribuida por necessidades? Será que ela pode ser uma rapariga madura para umas coisas e para outras ignorante como tudo?? Confesso que me espanta, eu costumava falar com ela, era - não sei se continua a ser - um doce de miuda, fui visitá-la depois de uma operação ao apêndice...e custa-me ver os pais dela assim...desnorteados, a pensar onde erraram...como se tivessem cometido um crime e agora estivessem a pagar adiantado.
Como se pode ajudar pessoas assim? Como fazê-los ver que só magoam a familia?
O outro assunto é sobre um vizinho meu que anda a trair a mulher. Esperava-se que uma pessoa, ao tomar a decisão de trair o conjuge, o fizesse de forma discreta, mas não...ele escolheu (ou ela escolheu-o a ele, ou escolheram-se um ao outro...) uma mulher aqui da terra, viuva é certo, mas mesmo assim, quer dizer... Um homem exemplar, trabalhador, têm um filho pequeno, têm uma casa que ele próprio construiu...
Não se sabe porquê, dizem as más-linguas que a outra estava a jeito, que andavam muito próximos, etc...o que não faltam são teorias. O que é certo é que a mulher sabe, toda a gente que ela sabe e ela sabe que toda a gente olha para ela e sabe. Complicado? Nem tanto...é mais triste. Mais uma vez as pessoas não são o que parecem...as reais razões dele não se sabem, mas seja como for está a magoar muita gente no processo, não só a mulher. É ela, os pais dela, os pais dele, que não parecem perceber por que razão ele faz isto. Acho que o filho ainda não se apercebeu da coisa, também é pequenino, mas não é maluco, se não percebeu ainda, vai perceber um dia e depois?
Isto são coisas de terras pequenas, facilmente indentificadas por causa disso mesmo, claro que acontece o mesmo nas cidades, mas... por que tomam as pessoas decisões assim? É egoísmo? Comodismo? Adrenalina? Vontade de ser diferente, de inovar, arriscar, aventura?
Não sei, mas custa.me ver que quem paga é sempre quem não tem culpa.
Eis parte da canção "Entre mis Recuerdos" de Luz Casal, que fala da infancia e em como tudo parecia lindo e lento. Ainda me lembro que o básico (3 anos), por exemplo, durou para mim, uma eternidade. Parece que levou mais tempo a passar que o resto da minha vida.
E hoje...
Hoje finalmente admiti para mim mesma que o meu recente estado de mini depressão não é mais que a aceitação de um certo facto acerca da minha vida até aqui. Porque tenho andado a convencer-me de uma coisa, apesar de sempre ter em conta outra e...custa. Custa admitir que o meu problema não é ter terminado uma fase, não é a adrenalina a sair como a Fernanda me disse, não é o pensar que não tenho trabalho, embora isso pese. É outra coisa.
É pensar..não, é saber que, por muito que me tenha querido convencer, por muito que me queira obrigar a ver as coisas de outro prisma, a verdade é que eu jamais conseguirei alcançar um ou dois aspectos que tornariam a minha mísera existência mais facilitada.
Não me devolveriam a infancia, onde a maior preocupação era arrumar tudo para poder ver os desenhos animados a horas. Mas ajudar-me-iam a ir para a frente.
E custa saber isso e ter a noção que querer e saber como mudar isso não chega para me pôr lá.
Hoje devia sentir-me exultante, relaxada, satisfeita. Sem contar com a defesa, estou livre.
Mas isso não me deixa sentir bem. Parte de mim tem agora ainda mais medo e lamenta cada vez mais não se poder voltar atrás para tomar decisões diferentes ou para viver anos melhores em que nada nos preocupava com esta intensidade.
Como estas alturas atrofiam a cabeça de uma pessoa; quando estamos convencidos que tudo é normal, afinal não e somos tão vulgares na nossa pequena existência...
Hoje tenho passado o dia a fazer coisas que gosto...a ler e a ouvir música e a navegar na net. Sem ninguém em casa para me chatear.
Devia sentir-me bem, mas não. Hoje parece que não...pode ser que amanhã já dê...