Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Duas Amigas, Um Blog

Duas amigas de longa data e algumas das histórias que têm para contar. No fundo duas raparigas com uma grande capacidade para dizer parvoíces..

Duas Amigas, Um Blog

Duas amigas de longa data e algumas das histórias que têm para contar. No fundo duas raparigas com uma grande capacidade para dizer parvoíces..

lost

Passei a tarde na piscina, na companhia de pessoas que adoro e que toda a minha vida estiveram presentes. Foi giro, foi divertido mas quando entrei no carro para me vir embora senti um enorme peso no peito, um sentimento de tristeza ou talvez antes de vazio.

Cheguei a casa e resolvi caminhar um pouco, caminhar acalma-me, clarifica os meus pensamentos. Andei um pouco, sem rumo, sem pensar sequer para onde ia. Quando dei por mim estava num sítio familiar, um lugar que desde pequena me fascina, e onde o pôr do Sol é maravilhoso.

Lembrei-me de quando brincava por ali com os meus primos, há já muitos anos (talvez séculos...) num tempo em que tudo era fácil e mágico. Lembrei-me de quando era uma adolescente e ia ali sentar-me sozinha, ver o pôr do Sol e sonhar com o futuro.

No fundo sempre senti uma ligação muito forte com aquele local específico, talvez mais do que com qualquer outro, não sei explicar porquê, talvez por ali ter brincado tanto e ter sido tão feliz. É quase como se aquele sítio fosse meu, ou eu dele. Foi sempre o meu refúgio quando precisava de pensar, quando me sentia triste ou quando queria, simplesmente, estar sozinha.

Hoje por acaso, ou talvez não, cheguei a horas do pôr do Sol, sentei-me mais uma vez a olhar o horizonte e deixei  aquela paz familiar entrar em mim.

Apercebi-me que já nem sequer me lembrava de há quanto tempo não ia ali, talvez há já alguns anos....estranho...afinal gosto tanto de ali estar e é tão perto de casa. Olhei as minhas mãos e apercebi-me que por muito que me custe já não eram as mãos da menina feliz que corria naquele lugar, já não eram sequer as mãos da adolescente que se sentava naquela mesma terra e sonhava com o futuro.

As mãos para as quais olhava eram as mãos de uma mulher, uma mulher jovem mas ainda assim uma mulher feita. O futuro chegou e eu nem dei por ele. Agora sou demasiado adulta para acreditar em magia, demasiado sensata para acreditar que tudo é possível mas demasiado jovem para desistir de ser feliz para sempre. Sinto-me perdida! Será que já é demasiado tarde para realizar os sonhos que ainda me faltam? Será que é possível? Não sei, e é essa incerteza que me magoa.

 Ao sentimento de paz sucedeu uma angústia. A tristeza e a solidão voltaram a tomar conta de mim. Foi nessa altura que baixei a cabeça e chorei. Era assim que estava quando algo macio acariciou a minha mão. Era o meu gato. Não dei por ele me ter seguido e nem tão pouco é um gato meloso e dado a gestos muito carinhosos. Mas ali estava ele, com a cabeça encostada a mim como que para me reconfortar, como se tivesse percebido que eu estava triste e quisesse mostrar-me que não estava sozinha. E sim! Senti-me melhor, ás vezes o conforto vem de onde menos se espera...

 

Nocas