Longe...
Está um dia cinzento a fazer lembrar que o Verão já não vai ficar muito mais. Tenho no peito aquela sensação de culpa porque tenho montes de fichas, desenhos e um relatório para fazer mas fico mal disposta só de olhar para a capa preta onde guardo os apontamentos e os documentos da obra.
O meu namorado está a centenas de kms de distância e a vontade que me dá é agarrar no carro e conduzir que nem uma louca até ele. Dar-lhe um abraço apertado com todas as minhas forças, sentir o calor da sua presença e beijá-lo uma vez, e outra, e outra e ficar assim até ao fim dos tempos ou até que o meu corpo se transforme em pó e o vento me arraste para longe dele e me faça voar bem alto sobre as serras, sobres os rios, sobre as aldeias e cidades, de volta ás planicies alentejanas a que pertenço.
Infelizmente a vida não é como nos filmes, não vou conduzir até ele nem vamos ficar abraçados até ao fim dos tempos.
Vou ficar aqui, no silêncio do meu quarto entregue a uns romances lamechas que andava desejosa para ler e que o carteiro me trouxe ainda há pouco. Vou ficar aqui á espera que ele me ligue e me diga que tem saudades minhas, que me ama e que não quer ficar sem mim...entretanto vou ler porque preciso desesperadamente de continuar a acreditar em finais felizes.
Nocas