Imagens
Uma das imagens que mais gosto actualmente é um quadro vivo que vejo praticamente todos os dias quando estou a ir para o trabalho.
Normalmente quando passo a determinado sitio da localidade onde vivo está um grupinho de 3 ou 4 velhotes sentadinhos numas cadeiras, a conversar. Agora que tem estado bom tempo, não é raro ver uma senhora ou duas na costura, com o chapéu na cabeça...
Vejo-os ali por volta das 4 da tarde, imagino que tenham a casinha arrumada, se não sobrou almoço, certamente às 17h têm mais do que tempo para fazer o jantar e vão ter um serão sossegado às lareiras.
Vejo-os todos os dias e conheço-os de vista por isso sei que em termos de saúde, graças a Deus, estão bem.
Não sei quanto ganham de reforma, nem tenho nada a ver com isso, mas são pessoas que trabalharam e arranjaram casa numa altura em que as condições eram outras. Naquele tempo a muito custo conseguiam comprar as suas moradias e hoje em dia nem pensar, mas a realidade é que são deles e pelo menos essa preocupação não a têm.
Os filhos sairam de casa há muito e têm as vidas deles noutros sitios, e aposto que aqueles velhotes têm sitios reservados em casa só para fotografias dos netos e dos filhos.
São velhotes que vejo todos os dias, a merecer o descanso depois de anos e anos a trabalhar de sol a sol. Mas hoje recolhem os frutos disso, porque podem sentar-se com os vizinhos à porta da casa de um deles e conversar, passar o tempo...
Eu penso, isto se calhar não acontecerá comigo. Quando eu for velha se calhar não há reforma, nem se calhar tenho as condições para me sentar à sombra com a vizinha.
Por isso, admito. Confesso que sinto uma inveja monumental daqueles velhotes, porque estão a merecer o que viveram e porque me custa tanto ter de passar por eles e ir fazer uma coisa que embora não me custe assim tanto, não me dá alegrias nem vai durar sempre. E porque preferia mil vezes sentar-me ali com eles do que ser jovem nesta situação...
Necas