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Duas Amigas, Um Blog

Duas amigas de longa data e algumas das histórias que têm para contar. No fundo duas raparigas com uma grande capacidade para dizer parvoíces..

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Duas amigas de longa data e algumas das histórias que têm para contar. No fundo duas raparigas com uma grande capacidade para dizer parvoíces..

Clarabóia

Terminei ontem de ler Clarabóia do José Saramago.. Quem não gosta de Saramago porque diz que tem uma escrita difícil e não tem pontuação devia tentar esta romance. É muito fácil de ler e bem pontuado.

Em Clarabóia Saramago retrata a vida de 6 famílias que vivem num prédio. Consegue, através das palavras,  dar-nos uma imagem muito pormenorizada do quotidiano daquela gente, dos seus dramas, dos seus segredos, das suas virtudes e defeitos.

Clarabóia seria, para mim, apenas um livro bem escrito e moderadamente interessante, se me tivesse abstraído da época em que Saramago o escreveu, ou seja, 1953. É aí que reside a verdadeira magia do livro! Em 1953 vivíamos em plena ditadura, a típica família portuguesa devia seguir uma rígida conduta de moral e bons costumes. Clarabóia é uma autêntica pedrada no charco ao mostrar um retrato bem diferente da vida familiar portuguesa. Saramago ousou tocar temas tabu como a homossexualidade, o incesto o (in)conformismo...

Na altura não lhe publicaram a a obra. Pois claro que não! Como é que a sociedade tacanha daqueles tempos, que vivia sob uma capa de aparente moralidade, poderia aceitar um livro tão corajoso? Um livro que vinha mexer com uma das coisas mais sagradas para o Estado Novo: A família Portuguesa?

Pessoalmente gostei muito o que não me impede de ver um grande defeito na obra; Clarabóia sabe a pouco! O livro termina e ficamos sem saber o que aconteceu. Será que o Abel assentou? Será que a Carmem voltou ou será que se "enrolou" com o primo Manolo? E a D. Lídia? Será que voltou a conseguir sair das ruas? A Claudinha cedeu mesmo ao Morais ou será que não se deixou ir na conversa dele?...

Tanta dúvida....

 

Nocas