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Duas Amigas, Um Blog

Duas amigas de longa data e algumas das histórias que têm para contar. No fundo duas raparigas com uma grande capacidade para dizer parvoíces..

Duas Amigas, Um Blog

Duas amigas de longa data e algumas das histórias que têm para contar. No fundo duas raparigas com uma grande capacidade para dizer parvoíces..

Atenção: Nocas tem uma foto assombrada.

Confesso que gosto de ver os documentários sobre casas assombradas que dão no Bio Channel. Eu sei que, provavelmente, aquilo é tudo uma fraude mas mesmo assim a minha curiosidade mórbida e o meu fascínio pelo oculto são mais fortes que eu e acabo por ver o programa de fio a pavio.

Uma das coisas que mais aparece nas filmagens e nas fotos dos ditos fantasmas são as chamadas orbes, ou seja, umas bolinhas de luz que circulam suspensas no ar e que não parecem lá muito assustadoras.
 Durante vários programas eu olhava para aquelas bolinhas e pensava " mas onde é que eu já vi isto?". Eu tinha a certeza que tinha uma explicação "cientifica" para as ditas orbes e que eu própria já as tinha visto mas não sabia onde. Hoje lembrei-me!
Eu tenho umas quantas fotos cheias de orbes que tirei no Rock in Rio do ano passado (aposto que fariam um sucesso nos programas de investigação paranormal norte americanos)!!
Por acaso até sei que as misteriosas orbes apareceram depois de eu ter desconfigurado a máquina fotográfica toda e até tenho a certeza que não são mais que grãos de poeira suspensos no ar e super ampliados. Mas tenho pena, tenho mesmo! Se as minhas orbes fossem mesmo fantasmas isso significaria que depois de morta eu poderia continuar a ver concertos e desta vez à borla e com uma visão privilegiada do palco. Poderia passar toda a eternidade a viajar sem qualquer tipo de despesa....
Ahh, maldita mente racional que me impede de acreditar que um dia serei uma orbe de luz saltitante.
 
Nocas
 
 

Para o que eu havia de estar guardada...

Esta cena aconteceu durante a missa de um casamento, quando toda a gente faz o sinal da cruz e a pobre Nocas acha por bem fazer imitar as outras pessoas;

Ele, olhando para mim muito aflito - Nocas!! Pára! Não faças isso!!!

Eu , interrompendo o sinal da cruz que já ia a meio - Então porquê?

Ele, desta feita com um sorrisinho matreiro - Olha que ainda derretes.

 

Nocas Inked

A ideia de ter uma tatuagem foi amadurecendo na minha cabeça durante quase 10 anos mas nunca foi concretizada por receio das reacções dos outros, por medo da dor, por simples falta de coragem e até de ocasião. Em casa fui avisando que um dia faria uma mas ninguém me levou a sério devido a alguns episódios lamentáveis que envolveram agulhas e a minha pessoa.
Com 27 anos achei que era agora ou nunca, afinal sempre gostei de tatuagens, sou dona do meu corpo e as opiniões que as pessoas possam ter de mim já não me interessam minimamente. Tomada a decisão fui falar com um tatuador a sério e fiz-lhe aproximadamente 300 milhões de perguntas. O moço foi absolutamente impecável e respondeu-me a tudo e mais alguma coisa. Como simpatizei com o rapaz e com o trabalho dele decidi marcar a minha tatuagem e ele disse-me que como o meu desenho era pequeno eu podia fazer naquela altura e assim foi!
Não doeu quase nada e fiquei com uma tatuagem pequenina e discreta mas muito  delicada e feminina, mesmo como eu queria! Adoro-a!!!
O único senão de todo este processo é que agora gostava de fazer mais...

Nocas

estórias da minha familia

Sempre gostei de ouvir as histórias dos mais velhos. Desde pequena que tenho paciência para os ouvir horas a fio e para absorver cada detalhe das histórias fascinantes que me contam. Sei que da minha geração sou, talvez, a única a interessar-se e a saber tantas histórias da família. Algumas das pessoas que me transmitiram esse legado já morreram e , infelizmente, tenho noção que aquilo que me contaram irá um dia morrer comigo. Tenho pena de não ter o dom da escrita porque se o tivesse uma das coisas que faria era escrever um livro sobre a minha família. Não seria uma coisa para vender (uma vez que não sou de uma família conhecida ou importante suponho que ninguém tenha interesse em nós), mas um documento para guardar e passar de geração em geração, quiçá para ir sendo enriquecido, ao longo dos anos, com novas aventuras.
Tenho a certeza que algumas das histórias davam um bom romance, por exemplo;
-A minha tetravó era filha e herdeira de um latifundiário alentejano mas acabou por casar com um fugitivo errante que não tinha onde cair morto e que era 10 anos mais novo que ela.
-Um dos meus bisavós, reza a lenda, era lobisomem durante a noite.
-Um tio bisavô  ( se é que existe tal expressão) desaparecia por longas temporadas. Numa das suas incursões -sabe Deus por onde- aprendeu a ler e a escrever e desde aí que só trabalhava esporadicamente para ganhar dinheiro para livros. Dizia à mãe que ia trabalhar mas na verdade ia para "esconderijos" ler, alguns desses livros chegaram até hoje e eram sobre feitiçaria (eu própria herdei um deles). Morreu afogado num dos locais onde se escondia, ninguém sabe se foi acidente ou suicídio.
-Outro tio bisavô dizem que pertencia a um bando de assaltantes muito famoso na época. Reza a lenda que foi escolhido pelo líder do bando para matar um comparsa que ameaçava dar com a língua nos dentes. Executou a ordem e matou o companheiro mas não aguentou a culpa e acabou por se suicidar nesse mesmo dia. Passados 70 anos num cemitério de aldeia alguém da minha família mete conversa com uma velhota com perto de 90 anos e descobre tratar-se da viúva desse homem. Contou que esteve casada com ele apenas dois anos antes do suicídio. Depois voltou a casar e vive há muitos anos em Lisboa mas ficou feliz por nos reencontrar e quis conhecer-nos a todos porque, segundo ela, somos a família do grande amor da sua vida. Essa mulher contou-nos uma história diferente da que conhecíamos, pintou-nos a imagem de um homem bom e justo que um dia perdeu a cabeça e matou alguém que o provocava constantemente, disse inclusive que o marido já não estava no bando, que tinha desistido quando casou com ela e por amor a ela. Diz que nesse dia estava doente e de cama e ele entrou pela casa dentro sujo de sangue, foi ter com ela e deu-lhe um beijo, depois disse ;" Dei cabo da minha vida, não posso continuar a viver mas tinha que te vir ver uma última vez".
-Num tempo é que os filhos dos trabalhadores rurais eram todos analfabetos e não tinham qualquer acesso à escola  a minha bisavó,  que aprendeu a ler e escrever, passou grande parte da vida a receber crianças em casa e a ensinar-lhes o que sabia. Ainda hoje há velhotes na casa dos 80 que me dizem " Se não fosse a tua bisavó eu nem o meu nome sabia escrever".
-Um dos meus bisavós era conhecido por passar a vida a pregar partidas aos putos, algumas eram verdadeiramente surreais. Mas um dia, quando já era velhote, um puto vingativo (que na verdade era piqueno papai de nocas) conseguiu a desforra e ainda hoje fala do velhote com ternura. Diz que foi uma das suas pessoas favoritas de sempre e que eu havia de gostar de o ter conhecido..
Enfim! Podia continuar por mais um bocado que histórias não nos faltam mas de todas estas a que mais me fascina é a do meu tio avô ladrão-assassino-suicidada que afinal, se calhar, até era boa pessoa e que tantos anos depois ainda continua a fazer brilhar os olhos de uma velhota...
Aí, Aí...acho que sou uma romântica....
 
Nocas
 

 

Tétano: história de uma vacina

 
2007
A jovem estudante Nocas conversa animadamente com a sua room mate Necas quando esta lhe conta que havia levado recentemente a vacina contra o tétano. Nocas, sendo uns meses mais "crescida" que Necas, calculou que a sua própria vacina também teria que ser levada por aquela altura mas que seria melhor esquecer esse assunto para todo o sempre. Nocas não conhecia ninguém que tivesse tido tétano, logo não era uma doença assim tão comum, logo para quê levar a vacina?
 
2009
A jovem profissional Nocas arranja um novo trabalho que requer um certificado de aptidão médica. Nocas passa na clínica para marcar a consulta e perguntar o que é necessário;
- Só tem que trazer o cartão com as vacinas em dia e 50 euros para a consulta - diz a recepcionista.
- Está bem - responde Nocas baixinho sentindo, naquele momento, as pernas a fraquejar.
Nocas sai da clínica e vai ter com papai que fumava o seu cigarro à porta. Do outro lado da vitrina a recepcionista observava-os e num impulso tira um cigarro do maço e sai, ela própria, para a rua;
-Desculpe! Eu não lhe quis perguntar o que se passava ao pé da minha colega mas reparei que ficou branca quando eu lhe disse o que era necessário trazer. É o preço da consulta?É muito caro realmente....
-Não!Eu sei que estas coisas são caras...Não é isso. É o cartão das vacinas...Não as tenho em dia! Falta-me a vacina do tétano... - lamenta Nocas
-Então mas não há problema! A sua consulta é só amanhã à tarde! Ainda tem tempo de levar a vacina!
- Pois! Mas eu não queria...Tenho medo de agulhas - Confessa Nocas.
- Ah! Estou a ver! Não diga que eu lhe disse isto mas diga ao médico que se esqueceu do cartão em casa e que está tudo em dia, ele passa-lhe o certificado na mesma!
-Obrigada! É uma boa ideia...
-Mas permita-me um conselho: tome coragem e vá levar a vacina quando puder, é que na sua profissão convém ter estas coisas em dia.

2010
Nocas vai à consulta da médica de família. Exames de rotina e, blá blá blá whiskas saquetas, Nocas está despachada e levanta-se para sair do consultório, já tem a mão no puchador da porta quando a médica de olhos fixos no computador indaga;
-É verdade! Então e as vacinas? Tem tudo em dia?
-Tenho pois! - Mente descaradamente a piquena Nocas.
-A do tétano tem? - Insiste a médica.
-Sim!
-Olhe que não! (esta frase lembra-me sempre o Álvaro Cunhal)
-Tenho quase a certeza que sim!
-O computador diz que não! Tem que a ir levar! (malditos computadores de merda!)
-Está bem...eu trato disso - Respondeu Nocas sem a mínima intenção de tratar do assunto.
 
 2012
A bondosa Nocas acompanha mamãe ao centro de saúde. Mamãe entra para consulta com a enfermeira e Nocas, qual cordeirinho inocente em vésperas de Páscoa, senta-se tranquilamente a ler uma revista da sala de espera.
-Nocas! Nocas vem cá! - Mamãe chama Nocas da porta do gabinete da enfermeira.
-Eu? Vou aí fazer o quê? Eu não estou doente!!
- Vem cá!!! - E pobre Nocas lá foi, já desconfiada da triste sorte que a esperava. Assim que Nocas entrou no gabinete mamãe saiu deixando-a sozinha com a enfermeira;
-Estás na minha lista de pessoas com a vacina do tétano em atraso...
-Pois, eu sei! Mas hoje não pode ser.
- E não pode ser porquê?
-Então?! Porque não tenho o cartão das vacinas comigo! Depois venho cá outro dia e trago-o! (Sim! Eu sei que sou um génio!)
-Não é preciso cartão. Isto fica registado aqui. Um dia que passes por cá é só actualizar o cartão e pronto.
-Pois! Mas deve ser necessário pagar a taxa moderadora e eu hoje não trago dinheiro comigo...
-Não se pagam taxas moderadora para as vacinas!
-Está bem mas a sala de espera está cheia e eu não queria, de modo algum, passar à frente daquelas pessoas...Eu nem marquei nada, não me parece justo para os outros utentes. (Nocas: tão cívica que até dói)
-Não tenho mais ninguém para vir aqui, aquelas pessoas estão para a médica.
Já desprovida de qualquer argumento Nocas acabou por se resignar à sua sorte e levar a vacina que, afinal, não custou nada...
E foi assim que fui apanhada à traição pela minha própria mãe após foram 5 anos de heróica Resistência
 
Nocas
 
 

A sósia Brasileira....

As comparações que me fizeram com a Adriana Xavier vieram recordar-me de um dos episódios mas tragicómicos (inventei agora a palavra) da minha vida: O dia em que pequena e inocente Nocas foi confundida com uma senhora brasileira.
Há muitos, muitos anos Nocas era uma jovem e inocente estudante universitária na capital do reino, Lisboa. Naquela manhã Nocas tinha chegado de Expresso à santa terrinha para passar o fim de semana, papai tinha ficado de a ir buscar à gare mas, naquele fatídico dia, atrasou-se. Nocas arrastou as suas numerosas malas para junto de um banco, virado para uma enorme vidraça que dava para rua e sentou-se a ler um livro enquanto esperava.  Estava uma manhã de inverno ensolarada e um grupo de homens de meia idade falava animadamente do outro lado da vidraça, junto à porta de saída. Nocas levantou os olhos do livro sensivelmente ao mesmo tempo que um dos homens do grupo fixou os olhos nela e lhe sorriu algo envergonhado, Nocas não retribui o sorriso porque não reconheceu aquele rosto de lado nenhum, provavelmente o homem tinha sorrido por qualquer outro motivo e não para si.
Passados alguns minutos Nocas continuava a sentir-se observada e voltou a olhar para o homem que novamente lhe sorriu. Não era um sorriso de luxuria, nem tão pouco um sorriso sedutor. Era antes um sorriso tímido, acompanhado de um olhar brilhante e esperançoso...Era quase como se aquele homem estivesse à espera que Nocas o reconhece-se e lhe retribuísse o sorriso. Nocas tinha a certeza que nunca antes havia visto aquela pessoa no entanto ele continuava a fitá-la já complemente abstraído da conversa dos companheiros. Nocas começou a sentir-se desconfortável com a situação e resolveu ignorar o homem, fixar os olhos no livro e aguardar pela chegada de papai que já não havia de tardar. Passados uns minutos Nocas sentiu que o homem se aproximava,  transpôs os poucos metros que os separavam e veio-se colocar mesmo ao seu lado metendo conversa;
-Olá! Como é que estás? - Perguntou ele. Nocas olhou-o mas não respondeu, limitou-se a franzir o sobrolho com ar intrigado. O homem insistiu;
- Não me estás a conhecer? - Havia agora uma nota de mágoa na sua voz - Não te lembras de mim? Ainda ontem à noite nos vimos no Café X!
O Café X era Só uma das casas de "Quengas" mais conhecidas da cidade! Que raio estava o homem a querer insinuar? Foi então que Nocas lhe falou pela primeira vez, respondendo-lhe de forma brusca;
-Não o conheço de lado nenhum! Café X? Nunca sequer lá entrei! Como deve ter reparado cheguei há bocado de expresso, vim de Lisboa, como é que podia ter estado no Café X ontem à noite?! - À medida que Nocas falava a expressão do homem mudou, o sorriso desapareceu e os olhos brilhantes e esperançosos ficaram muito abertos de surpresa. Ficou vermelho como se todo o sangue lhe tivesse assomado à cabeça:
- Aí desculpe! Desculpe! Desculpe! Desculpe! - Estava agora nitidamente aflito e envergonhado - Eu confudi a Srª com outra pessoa. Assim que começou a falar eu vi logo que não podia ser ela...o seu sotaque...ela é brasileira e você é portuguesa. Que vergonha! Desculpe! Mas é que você é mesmo muito parecida com ela.... - E desapareceu rápidamente. Nocas nunca mais o viu...
 
E foi esta a trágica história da vez em que Pequena Nocas foi confundida com uma "Quenga" brasileira (E sim ! Confirmo! Ando a ver a Gabriela). Em sua defesa (de Nocas, não da quenga) tenho dizer que a roupa que trajava era até muito decente, umas calças de ganga, uma botas normais (nada de plataformas transparentes ou botas de plástico branco) e um casaco comprido de inverno. É que nem sequer tinha maquilhagem...
 
Nocas