Podre
Nos últimos dois dias o telejornal vem dando a notícia que um quarto dos portugueses é pobre.
Somos pobres, vemos os nossos direitos ameaçados e roubados, pagam-nos menos, exigem que trabalhemos mais, criticam as constantes manifestações...é que é fácil estar-se num governo e dar ordens mas a receber vencimentos que são merecidos e de acordo com os estudos, experiência e estatuto. Imagino que, para muitos dos deputados, governantes, gerentes e pessoas endinheiradas haja uma réstia de consciência pesada perante o cenário diário de pobreza e dificuldades. Mas assim como também eu ponho de lado os problemas de quem não conheço porque não os vejo senão nas reportagens da tv, e me concentro em mim e nos que me são próximos, também eles certamente se concentram nos seus próprios problemas. Lá terão as suas angústias e coisas pessoais que lhes dão dores de cabeça, para além de verem um país a enpobrecer.
Mas a diferença é a seguinte: eles predispuseram-se para assumir cargos importantes. Eles estão lá, para mal e para bem, porque foram eleitos e porque foram eles que sabe-se lá como deram o passo em frente para ali estarem. Há os nomeados, os convidados, os eleitos, os amigos, os etc. Mas estão lá.
Eu não, e o quarto de portugueses pobres também não.
Quem para lá vai já sabe que não será um mar de rosas, já sabe que há muito por onde rastejar para ter glória. Não lhes condeno o desejo de maiores coisas e funções. A maioria das pessoas não quereria arriscar isso. Mas se eles o quiseram...por favor, se o quiseram, então têm que ser justos, têm de pensar nos outros.
O governo diz que é o que está a fazer. Diz que é por todos nós que somos mais pobres.
Mas não somos.
Não somos TODOS mais pobres. Como é que alguém pode acreditar nisso, neles e ainda por cima querer mais?
Porque mais disto é o que teremos com o governo seguinte...é muito mais fácil remar a favor da corrente nao é?
Depois as manifestações, criticas e greves e sei lá mais o quê vão continuar...
Olhem, votar é um direito de Abril, mas que interessa isso quando já se sabe que quem para lá vai uma e outra vez é sempre com os mesmos intuitos e desejos? Se calhar o voto é que tem sido errado, se calhar votar em partidos com gente enricada não é velar pelos interesses e apoios dos pobres....
Eu não quero ser da política actual, não quereria ser deputada porque acho que a minha consciência nunca mais teria sossego.
Mas acho que não é demais pedir que quem lá está vele por nós, por quem não tem capacidade de lá estar. Que vergonha destes políticos interesseiros que só vêm um lado da moeda.
Por que não viver um mês com um salário mínimo, numa casa de um pobre? Desafio os ministros a fazerem isto! Façam-no! Troquem, por um mês, com uma dona de casa que organize a vida com o ordenado mínimo!! E depois apresentem as conclusões, vejam como é possivel ter a dignidade de sair de casa e pagar contas e comer e sorrindo, pagar impostos.
Necas